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Um Pequeno Crescimento


14 Anos


O quarto estava escuro, muitas coisas estavam espalhadas pelo chão, a janela estava semi aberta, o que permitia que um ar fresco entrasse por ela e deixasse o cômodo um pouco mais fresco.

A cama estava vazia. Não tinha ninguém em cima do colchão, ninguém para apreciar como ele era macio e bem confortável.

Mas, bem pertinho dali tinha um colchonete.

Haviam dois garotos em cima dele, em cima daquele colchonete que estava forrado com um edredom mais claro e macio. Ao lado tinha papéis, diversos, não daria nem para contar quantos tinham ali. Um celular estava com a tela brilhante, o menino que tinha o cabelo mais claro estava recebendo uma ligação.

Todavia, ele não estava tocando, apenas vibrando em cima do chão e aquilo não parecia ser o suficiente para acordá-lo, ou até mesmo acordar o outro garoto moreno que também estava naquele quarto.

Quando a tela do telefone voltou a ficar escura, a única outra coisa que continuou brilhante dentro daquele quarto foi o fio vermelho que ligava os dois garotos.

Jeon Jeongguk de 14 anos, era alma gêmea de Kim Taehyung de também 14 anos, porém alguns meses mais velho.

As duas pernas do rapaz mais novo estavam circulando o peito do Kim, fazendo com que seus braços contornarem o pescoço do outro que também lhe abraçava como se fosse um bichinho de pelúcia. Estavam completamente embolados, dormindo confortavelmente daquele jeito, no meio daquela grande embolação sem fim.

O fio vermelho ficou mais brilhante quando Taehyung abriu os olhos por breves milésimos de segundo, enxergando o garoto de fios escuros como a noite grudado em si. O corpo dele era tão magrinho que dava vontade ao Kim de protegê-lo de qualquer coisa porque parecia bem real a possibilidade dele ser ferido por tudo existente de perigoso no mundo.

Jeongguk tinha chorado a tarde toda por conta de seu bichinho de estimação que havia morrido naquele dia, um pequeno peixinho dourado que seu pai havia comprado na feira semana passada.

Jeongguk era bastante emocionado.

E o garoto ficou tão arrasado que ligou aos prantos para Taehyung, soluçando sem parar enquanto dizia que havia perdido seu bichinho tão amado e agora seu coração estava doendo demais.

Sem hesitar, o Kim calçou os tênis recém lavados e limpinhos e correu para a casa daquele no qual era ligado, passando por todas as poças de lama que tinham sido formadas naquela manhã devido à chuva forte.

Bateu na porta, cumprimentando rapidamente a senhora Jeon. Subiu as escadas e rumou para o quarto escuro de Jeongguk.

Coriza escorria de seu nariz grandinho e seu corpinho, encostado na cama, não parava de tremer.

“Hyung” foi o que ele quase gritou com a voz embargada enquanto ia até o mais velho, o abraçando e contando a trágica história de como tinha ido alimentar “Steve”, seu bichinho, e gritou quando o viu boiando, já todo falecido.

Tirando os sapatos e colocando um casaco preto, os dois fizeram um enterro para o peixinho em frente ao vaso sanitário do banheiro. Voltaram para o quarto onde colocaram algumas flores do jardim da senhora Jeon dentro do aquário, assim como fizeram diversas cartinhas e mensagens que queriam que Steve pudesse ler. Pegaram o colchonete e o edredom, montando uma caminha simples para eles mesmos ali no chão, conversando baixinho enquanto iam sentindo o sono se aproximar cada vez mais.

Taehyung puxou Jeongguk para seus braços e ninou aquele a qual sua alma e coração pertenciam.

O fio vermelho que os ligava se embolou um pouco nos dois corpos, mas eles não se importaram, foram se aconchegando cada vez mais e mais um nos braços do outro.

Quando seus olhos se abriram, o de fios castanhos ficou apenas observando o rosto completamente sereno daquele que amava. Sorriu ao continuar admirando como suas bochechas grandes e boquinha pequena lhe faziam parecer mais jovem. O cabelo preto e macio cobria parte de sua testa branquinha, e para Taehyung, aquela imagem era a melhor coisa que poderia ter como recompensa depois de ter ajudado sua alma gêmea.



15 Anos


Após tomar seu banho depois de chegar da escola, Jeongguk apenas vestiu rapidamente a sua blusa de manga comprida e sua calça de moletom verde musgo. Colocou as duas meias do homem de ferro nos pés e correu de volta para a sala de casa.

Seu Hyung, sua alma gêmea e o menino que estava fazendo seu coração palpitar cada vez mais rápido estava sentado no sofá vinho da sala, com as pernas bonitas e cheias de melanina dobradas enquanto mexia em seu celular, totalmente despreocupado.

Jeongguk sentou-se ao lado do mais velho e viu ele lhe dar um sorriso retangular bonito.

Sua barriga sacudiu e demonstrou ter diversas borboletas lá, todas agitadas por conta de apenas um sorriso bonito que o Kim havia lhe dado.

O cabelo castanho estava pra cortar, mas aquilo não era realmente um problema, ele até mesmo ficava bonito bem daquela forma. Desajeitado, bagunçado e completamente atraente com seus olhos castanhos bonitos. Ah… Jeongguk o achava tão lindo, gostaria de apreciá-lo a cada segundo de seu dia.

A blusa de seu uniforme estava amarrotada, a calça estava da mesma forma, as meias pretas estavam até mesmo com um cheirinho de chulé, mas tudo que Jeongguk fez foi sorrir para aquela imagem, sorrir para sua alma gêmea um tanto quanto desajeitada, que de forma inesperada, lhe deu um beijinho na bochecha, usando a afirmação “você estava fofo demais todo vermelhinho” como uma desculpa plausível para tal ato.

Na realidade o moreno nem se importou, ele apenas corou mais e se levantou, perguntando o que o Kim queria comer.

“Bolo de chocolate” foi o que ele respondeu naquela tarde e Jeongguk caminhou até à cozinha para pegar o tal pedaço de bolo, orientando Taehyung a escolher logo um jogo que eles iriam jogar.

Depois de quase 3 horas jogando sem parar, o Kim teve que se despedir, calçando seu tênis quando já estava em frente à porta para voltar para casa. Jeongguk estava ao seu lado, segurando o celular do castanho já que tinha tirado fotos de si mesmo, apenas para deixar lá no aparelho dele.

Apoiou-se na parede vendo Taehyung apenas tentar ajeitar sua blusa toda bagunçada e passou a mão no próprio cabelo já bem compridos.

Deu dois passos em sua direção e pegou o celular, colocando-o no próprio bolso da calça, mas não se afastou do moreno, na verdade apenas se aproximou um pouco mais e beijou sua boca rosada.

Foi tão rápido quanto um piscar de olhos, mas foi o suficiente para que Jeongguk gritasse um “céus, Hyung” e cobrisse seu rosto completamente avermelhado.

Taehyung soltou sua famosa risada rouca e gostosa, vendo como coisas tão bobinhas sempre deixavam o mais novo com vergonha daquele mesmo jeito.

Jeongguk voltou a encará-lo, batendo levemente em seu ombro antes de também lhe dar um beijinho na bochecha, correndo em direção a seu próprio quarto logo em seguida.

Não estava acostumado com demonstrações de afeto como aquela. Sempre foram apenas abraços e carinhos trocados entre os dois, partir para beijos era um pouco assustador para o moreno, mas ele nunca havia se sentido pressionado.

Na realidade, eram muitas vezes surpreendido por Taehyung quando o mesmo lhe dava um beijinho suave aqui ou lá, mas nunca mais do que aquilo, Jeongguk sabia que o Kim o respeitava bastante.

De toda forma, horas depois, já estando debaixo dos lençóis da própria cama, Jeongguk ousou mandar uma mensagem para sua alma gêmea de fios castanhos, perguntando o que ele tanto queria saber.


[Você]

Hyung… Eu queria te perguntar uma coisa…

Você realmente quer avançar no que temos?

Você já quer me beijar?


Mordeu os lábios, nervoso.

O seu plano era bem simples, mandar a mensagem, bloquear o celular e dormir, não queria se desesperar de ansiedade enquanto esperava a mensagem do outro chegar, iria dormir tranquilo e ver a resposta depois.

Mas Jeongguk se esqueceu de um pequeno detalhe.

Taehyung tinha posto seu celular para ter um toque próprio para quando as mensagens ou ligações fossem de Jeongguk, tornando possível ele saber que era o moreno e o responder na mesma hora. O Kim sempre lhe respondia na hora, e naquele momento não foi diferente.

Antes mesmo de sair da janela de Taehyung, a resposta veio.


[Minha outra alma]

Sim.

Eu quero avançar, mas quando você quiser.

Eu quero muito beijar você, mas quando você também quiser.

Eu amo você meu Guk <3




16 anos


Por conta do grande barulho que estava na escola naquele dia, foi no telhado daquele mesmo local que Taehyung foi se esconder para poder fazer uma vídeo chamada com Jeongguk. Seu coração estava partido por conta do garoto que se encontrava resfriado em casa, impossibilitado de ir às aulas.

Já estavam no terceiro dia e toda a rotina do Kim havia mudado, ele nem mesmo jogava mais videogame, bola com seus amigos ou dormia na própria casa. Taehyung ia para a escola todos os dias, ele prestava atenção nas aulas e anotava tudo o que os professores escreviam no quadro ou falavam. Jeongguk sempre tinha aquela mania de anotar até o que eles diziam, então o Kim estava fazendo o mesmo que ele.

Quando era liberado das aulas, corria para sua própria casa, tomava banho, arrumava sua mochila, separava uma roupa e ia direto para a casa de seu adorável Jeongguk, em repouso.

Taehyung colocava um colchonete no chão do quarto do garoto e ficava conversando com ele, não o deixando sozinho em momento algum durante aquele terrível resfriado.

Passava a tarde passando tudo a limpo para o caderno de Jeongguk, enquanto lia um pouco da matéria e contava o que aprendeu. Não queria deixar o outro perdido.

Taehyung explicava a matéria, dava comida na boca de Jeongguk, o ajudava a ir ao banheiro quando uma crise de tosse o atingia e sentava em seu colchão para lhe fazer carinho até ele pegar no sono.

O Kim não conseguia sentir a pele do rapaz mais novo quente por conta da febre que ele começava a chorar e se desesperar. Era seu Jeongguk ali, o seu menino lindo com sorriso tímido deitado na cama doente.

Jeongguk atendeu sua chamada de vídeo.

“Oi Hyung, tudo-”

Tossiu.

“Tudo bem?”

“Oi meu amor, você está melhor?”

Esticou o braço, querendo achar um ângulo melhor para filmar a si mesmo. Taehyung estava quase fugindo da escola e correndo para a casa do moreno apenas para abraçá-lo e enfiar seu rosto no pescoço dele, beijando-o várias e várias vezes e admirando toda a fofura de sua alma gêmea vestida com moletom vermelho de capuz.

“Eu estou sim, acabei de tomar banho”.

“Hmm, está cheirosinho pro seu Hyung?”

Jeongguk corou, cobrindo seu rosto com uma das mãos, escondendo as bochechas avermelhadas.

“Hyung, para, você é tão bobo…”

“Não sou não… Estou apenas com saudade Guk”

“Me viu há poucas horas Hyung! Sei que beijou minha bochecha antes de ir pra escola”.

“Em minha defesa elas que pediram um beijo meu”

“Pediram nada! Aigoo, Hyung, você é muito bobo…”

“Amor, quando eu chegar aí eu já posso beijar você?”

Formou um bico nos lábios.

“Só se me trouxer um pedaço de bolo Red Velvet, eu juro que deixo você me dar um beijinho”.

“Ain, mas eu não devia mimar tanto assim você, mas eu gosto muito, ain, não faz essa carinha, Jeongguk! Aish! Maldição, Jeongguk! Você vai fazer meu coração explodir assim!”

Sorriu apaixonado apenas por ouvir a risadinha do mais novo pelo outro lado da tela, ele parecia completamente encolhido em sua cama. Fofo demais.

Formou um beicinho ao ouvir o sinal tocar.

“Tenho que ir agora,não posso ficar muito tempo senão vou descobrir onde estou, mas eu amo você, Guk, muito, muito”

O mais novo bocejou.

“Eu também amo muito você, Hyung, quando chegar durma comigo”.

“Durmo sim meu amor”

“Eu te amo, Tae”.

Soltou de forma completamente manhosa.

“Eu também te amo muito meu bebê”.


[...]


Assim que chegou a casa dos Jeon segurando sua mochila e a sacola com o bolo Red Velvet, a senhora Jeon informou que o filho estava dormindo naquele momento após tomar um remédio. Taehyung colocou o bolo na geladeira e foi para o quarto do garoto, abrindo a porta calmamente e vendo a figura adormecida de sua alma gêmea.

Sorriu vendo o biquinho fofo que ele fazia quando adormecido, a expressão serena e um pouquinho da baba escorrer pela lateral de sua boquinha pequena que já podia dar alguns beijinhos.

Colocou a mochila no chão e tocou levemente seu pulso, pegando sua mãozinha macia. Beijou cada um dos dedos, beijou a palma e foi até o pulso, beijando a marca de alma gêmea que ele tinha idêntica a sua; era uma espécie de cristal de gelo com uma fita dentro. Essa fita formava um “김태형”. E na marca que Taehyung tinha, a fita formava um “전정국”.

Para cada alma gêmea há um símbolo, e desde que descobriram que se pertenciam, o Kim sempre diz que o símbolo deles ser de cristal é porque ele mesmo deve tratar Jeongguk como se fosse o mais precioso dos cristais existentes.

Jeongguk sempre corava quando ouvia e Taehyung sempre sorria apaixonado pelos dentinhos grandinhos do outro ficarem à mostra.

Beijou o pulso do menino outra vez e em silêncio se sentou no chão, pegando os cadernos e começando a escrever toda a matéria a limpo para o mais novo adormecido ao seu lado.

Esperaria Jeongguk acordar e aí lhe cobraria o beijinho que ele lhe prometeu por trazer o bolo.



17 anos


A voz alta e melodiosa de Jeongguk ecoou alto pelo quarto do Kim quando ele gritou um “Hyung” extremamente feliz, pulando no colo de Taehyung quando o outro rapaz estava deitado em sua cama.

Vestido com uma samba canção, o de fios castanho estava com suas costas apoiadas na cabeceira da cama, vestido apenas com uma regata bem folgada azul, as pernas abertas e o celular na mão, mandando mensagens para o grupo de amigos que tinha.

Jeongguk sempre achou que os momentos em que Taehyung mais estava lindo era daquele jeito, um pouco largado, completamente à vontade.

Pulou na cama maior que a sua, aconchegando-se ali apesar da vergonha, sentindo um dos braços do mais velho já o abraçar e os olhos castanhos e bonitos lhe fitarem de forma completamente apaixonada.

Jeongguk amava receber aquele olhar, amava ver como Taehyung lhe via como algo que merecia ser amado, algo que sempre valia seu tempo e esforço. O moreno sempre notou como o Kim lhe olhava como estivesse transbordando ternura.

Era um pouco confuso a forma como agora, com 17 anos, estavam se relacionando. Não eram namorados, não usavam tais palavras para se definir porque sentia que nem mesmo aquilo conseguia ser o suficiente para os definir. Sabiam que se pertenciam e mesmo que não fossem almas gêmeas, todos sabiam que não havia ninguém melhor para ficar com Jeongguk do que Taehyung, e vice e versa.

Os dois trocavam beijos, lentos, ousados, carinhos, beijos que já tinham a língua, e ficavam absurdamente envergonhados com aquilo, então só compartilhavam momentos como aquele em casa, quando estavam completamente a sós e podiam desfrutar de absolutamente todas as sensações que um provocava no outro.

Nunca haviam conversado sobre algo a mais que beijos, não sentiam vontade e nem queriam na realidade.

Estava perfeito daquele jeito, e enquanto fosse perfeito, não iriam mudar nada.

Beijos suaves antes de dormir, andar na rua de mãos dadas e compartilhar um sorvete no parque estava ótimo para os dois.

Jeongguk sentia-se amado, sentia-se protegido e sabia que não precisava de mais nada.

Todavia, certas inseguranças sempre se tornam presentes em um momento ou outro.

— Hyung, — chamou baixinho, cutucando o rosto de Taehyung, tocando na pintinha de seu nariz e depois na pintinha de sua boca — Hyung — chamou com mais manha, remexendo-se um pouco no colo do outro já que praticamente havia se jogado em cima do Kim, ficando no meio de suas pernas, a cabeça na direção de seu peito, sua postura toda largada. — Hyung…

O castanho sorriu, revirou um pouquinho os olhos e voltou a olhar Jeongguk com seu beicinho lindo. Acariciou de leve a pequena cicatriz que ele tinha na bochecha, lembrando-se do dia que estavam andando de bicicleta e o moreno havia caído.

Taehyung chorou mais do que o próprio Jeon ao ver o filete de sangue se formando ali.

— O que foi, meu bebê?

Passou a mão na orelha do mais novo.

Jeongguk começou a quase fechar os olhinhos, sentindo aquele carinho maravilhoso ser feito em si. Amava sentir as carícias do mais velho, sempre lhe dava uma tranquilidade absurda.

— Hoje eu estava pensando em uma coisa — falou baixinho, inflando as bochechas e deixando a voz mais fofa. Taehyung bloqueou o celular no meu segundo, colocando-o de lado e se ajeitando na cama enquanto puxava o corpo do mais novo para deitar em seus braços.

Jeongguk sentia seu corpo ser segurado com delicadeza e firmeza, sentia o Kim lhe abraçar e envolver os braços ao redor de seu corpo, fazendo sua cabeça apoiar nos ombros largos e amorenados. Se o moreno tivesse coragem, sabia que beijaria cada centímetro daquela pele macia e cheirosa.

— Que coisa? — Deu toda à atenção que sempre dava, deixando tudo de lado pelo par de olhos grandes, pretos e doces que tanto amava.

— Muitas almas gêmeas na nossa idade namoram…

Taehyung arregalou os olhos, acariciando o rosto do mais novo.

— Você quer namorar Jeongguk? — Perguntou baixo, fazendo o moreno ficar mais tímido e receoso com relação aquilo. Sabia que não era uma boa ideia puxar aquele assunto, agora sentia-se completamente inseguro, e pior, tinha deixado Taehyung inseguro também, achando que ele não estava completamente satisfeito com a relação que tinham — podemos namorar sim, Jeongguk, se você quiser, mas esse título não vai mudar muita coisa — beijou a testa do mais novo — eu sou seu, sempre fui e sempre serei. Meu coração pertence a você, você é a pessoa que eu mais amo no mundo, Jeongguk, eu não suporto ficar um dia sem ver esse seus dentinhos, sem ouvir sua risadinha… Meu sentimento tem crescido tanto que eu me pego quase chorando por te amar tanto. — Passou o dedo pelos olhinhos marejados do mais novo — eu percebo como você me olha, é como se eu fosse seu mundo inteiro, eu percebo como me observa dormir ou estudar, e eu me sinto tão mal por pensar que não retribuo esse olhar.

— Retribui sim Hyung, você retribui! Eu me sinto muito amado por você, eu — sentou-se, sentindo os braços do Kim a sua volta — meus sentimentos também estão crescendo… Eu sou feliz desse jeito, mas eu não tenho mais 14 anos, Hyung, eu não choro mais por um peixinho dourado, eu choro por medo de perder você, estamos crescendo e-

— E eu vou continuar com você, vamos crescer juntos. Faremos 19, 25, 40, um ao ladinho do outro, eu vou te amar ainda mais e estaremos assim, desse jeito… — Lhe olhou com doçura.

Jeongguk colocou as duas mãos nas bochechas amorenadas.

— Promete isso pra mim, Hyung?

Taehyung sorriu, vendo o fio vermelho que os ligava brilhar mais.

— Eu prometo, meu amor.

Selou os lábios rapidamente e Jeongguk deitou a cabeça na curvatura do pescoço do Kim, fechando os olhos e sentindo o cheiro da sua alma gêmea.

— Eu vou te amar pra sempre Hyung, eu vou ser tudo o que você precisar…



18 anos


O cheiro de biscoitos recém assados invadiu a casa. Era fim da tarde, o sol já estava quase indo embora e tudo estava escurecendo. Jeongguk estava em sua casa, colocando uma luva na mão para colocar a bandeja quente em cima do balcão de mármore.

Um a um, colocou os biscoitos em um pote de acrílico, caminhando até a geladeira e pegando um frasco grande de leite fermentado. Limpou tudo, colocou as duas coisas em cima de uma bandeja e caminhou até seu próprio quarto.

Assim que ficou em frente a porta, respirou fundo, tinha que manter a calma.

Girou a maçaneta e viu Taehyung encolhido em sua cama, o outro rapaz ainda chorava.

Fazia algumas horas desde que o Kim foi até sua casa, lhe dando diversos beijinhos e dizendo todo feliz que sua carta da faculdade havia chegado.

Era para a faculdade de seus sonhos.

Mas ele não foi aceito.

Os dois, principalmente Taehyung, haviam feito diversos planos para o futuro dos dois. E em todos, ele mencionava aquela faculdade, mas agora isso parecia distante demais já que pagar não era uma opção por ser cara demais. Então lá estava o de fios castanhos, aos prantos porque tinha perdido sua grande chance, seu sonho tinha passado pelos seus dedos e ido embora.

Jeongguk colocou a bandeja em cima do tapete do chão e se aproximou da cama, tocando no ombro do mais velho.

— Hyung — chamou de forma mansa — eu fiz biscoito pra você, Hyung — contou baixinho, passando sua mão pelos fios do cabelo bonito do Kim, sentindo seus dedos deslizarem por sua cabeça, sentindo toda a extremidade dela. — Eu fiz de chocolate, come um pouquinho?

O outro fungou, se rastejando na cama e sem hesitar, jogando-se no colo do mais novo entre os dois, como se voltasse a ter 7 anos de idade e tudo o que ele queria era o colo confortável de sua mãe.

— Hyung, — abraçou o mais velho, — você tem que comer um pouquinho — sussurrou entristecido — vem.

Puxou o mais velho, fazendo o mesmo se levantar e os dois se sentarem no tapete, de frente para a bandeja. Jeongguk que sempre foi pequeno e magrinho, agora estava com o corpo mais desenvolvido, tinha um pouquinho de músculo em seus braços e sua altura já não era tão diferente da do Kim.

Por ser antigamente daquele jeito, quando pequenos, Jeongguk sempre buscava o colo do mais velho, enfiando-se em seus braços e se mantendo quentinho e confortável ali como um verdadeiro bebê coala. Mas agora era um pouco diferente, os dois garotos estavam se tornando homens feitos de pouquinho em pouquinho, ambos ainda buscavam conforto nos braços um do outro, mas agora Jeongguk também sentia-se bem e confiante para pegar Taehyung no colo ou fazê-lo dormir com seus carinhos, como costumava ser sempre ao contrário.

Pegou um dos biscoitos e colocou na mão do de fios castanhos.

— Come Hyung, eu fiz com muito amor pra você — sussurrou vendo como ele encolhia-se no meio de suas pernas, deitando em seu peito como um filhote de tigre acanhado.

Lhe olhou nos olhos, formando um beicinho ao ouvir aquelas palavras.

— Só um pouquinho Hyung, você tem que comer — implorou entristecido.

Depois de alguns minutos com os dois no chão, Taehyung começou a tirar pequenas lascas dos biscoitos. Os comendo lentamente enquanto Jeongguk colocava um canudinho em um dos frascos de leite fermentado e dava para sua alma gêmea que bebia em goles curtos.

— Está gostoso — sussurrou rouco, arrancando um sorriso do mais novo que o fez dar diversos beijinhos em sua cabeça, voltando a acariciar seu cabelo e depois suas costas. — Desculpe estragar nosso futuro, Guk…

— Você não estragou, Hyung, aish, você é tão bobo — olhou com tristeza para o mesmo — vamos pensar em mil outras maneiras de realizarmos nossos sonhos Hyung.

O mais velho o olhou nos olhos.

— Meu maior sonho é estar com você, o resto eu posso ir aceitando perder — confessou abraçando o castanho com um pouco mais de força. O ouviu fungar, voltando a deitar a cabeça em seu