Memórias Omitidas C.10
Atualizado: 12 de jan.
Oiiiii!
Tudo bem com vocês?
Antes de tudo peço perdão pela demora em postar esse capítulo, era para ele ter saído uns dias atrás, mas como a ida para São Paulo foi uma correria, eu trabalhei o dia todo assim que cheguei e ainda teve essas eleições, eu acabei não tendo tempo para conseguir vir aqui e atualizar.
Peço perdão por isso, mas já aviso também para prepararem seus corações para o capítulo de hoje <333
Espero que todos vocês gostem, que votem e comentem para poder ajudar o site a crescer ainda mais <33
Amo vocês <333

Um ano e meio atrás.
— Tá, esse café é horrível — Jeongguk falou baixinho, inclinando-se na mesa daquela cafeteria bonita que havia aberto há poucas semanas. Ela ficava próxima da rua em que moravam, e já fazia um tempo que os dois estavam querendo ir ali para experimentar o café e alguns dos doces bonitos que eram expostos na vitrine.
Pelo café, Jeongguk estava extremamente arrependido já.
Taehyung sorriu radiante para a expressão que Jeongguk fazia a sua frente, o rosto todo contorcido em uma careta. Era cômico e adorável ao mesmo tempo, uma bela mistura dos dois.
— O que eu pedi não está tão ruim quanto o seu parece estar — Taehyung também comentou baixinho, inclinando-se na mesa para ficar com o rosto mais próximo de Jeongguk. Nenhum dos dois queria que alguém escutasse a conversa, principalmente algum funcionário.
Todos os trataram muito bem desde que haviam entrado no estabelecimento, daquilo não podiam se queixar.
— Deixa eu ver — Jeongguk pediu, praticamente tomando da mão de Taehyung a xícara com a bebida.
Tomou um gole e logo voltou a mesma expressão de antes.
— Nossa! — Falou com o gosto bem amargo na boca. — Está horrível, Taehyung! Céus!
Taehyung explodiu em uma risada baixinha.
— Acho que só os doces salvam daqui — Jeongguk resmungou, fazendo questão de colocar um pedaço generoso de sua torta de limão na boca. — Os doces são realmente muito bons!
Taehyung concordou sem dizer nada.
Os dois continuaram ali por quase uma hora a mais, conversando, comendo, se amando… Era um momento tranquilo, e quando pagaram a conta e enfim saíram do estabelecimento, olharam ao redor, para toda a rua pintada de laranja devido ao pôr-do-sol, para o tráfego na rua começando a aumentar devido aos funcionários voltando para casa após mais um dia de trabalho, para outros estabelecimentos na rua fechando e abrindo, dando início ao funcionamento ou somente finalizando seu horário de trabalho.
Crianças sendo buscadas na escola, um cheiro bom de comida de todos aqueles que começam a preparar a janta bem cedo.
Era agradável, Jeongguk gostava de sair na rua por volta daquele horário, gostava de observar as pessoas e tocar para elas, ver suas expressões, acreditar que poderia deixar seus dias melhores graças ao que tocava.
Taehyung sacou o celular rapidamente e então, como geralmente fazia, tirou uma foto de Jeongguk recebendo aquela última luz solar. Tirou uma foto dele mais de perto, e outra mais distante, admirando o conjunto que era o garoto que tanto amava.
Guardou o celular e beijou Jeongguk nos lábios de forma sutil.
— Vamos para casa? — Taehyung perguntou baixinho conforme os dois começavam a caminhar em direção ao apartamento.
Jeongguk fez um biquinho bonito, e aquilo significava que não, ele ainda não queria ir para casa.
Taehyung sorriu outra vez.
— Tudo bem, para onde quer ir então? — Taehyung perguntou suavemente, fazendo um carinho na palma de Jeongguk no meio daquele processo.
— Não sei… Podemos pegar um ônibus e saltar quando passarmos por um local muito bonito? — Jeongguk perguntou e Taehyung explodiu em uma gargalhada alta.
— Jeongguk? E pra voltarmos? Que espírito livre é esse que está se apossando de você? Está se sentindo em algum filme de autoconhecimento?
— Não sei — Jeongguk resmungou sorrindo junto de Taehyung, aproximando-se dele, passando os dois braços ao redor dos ombros de Taehyung, admirando cada pequeno detalhe do rosto bonito que ele tinha, apreciando tudo, o olhar que servia de porta para a bela alma e personalidade que tinha, para os lábios tão gostosos de beijar e que também escondiam um dos sorrisos mais lindos que Jeongguk já tinha visto.
Era tão apaixonado.
Era tão grato por ter Taehyung inteiramente para si.
— Podemos ir para casa, bebermos um bom vinho, assistir algum filme que nos dê tesão e então transar por muito tempo — Taehyung falou rouco, provocando Jeongguk enquanto levava as duas mãos para o quadril dele, puxando-o um pouco mais para que os dois estivessem bem pertinho.
— Hmmm — Jeongguk mordeu o lábio inferior. — Isso parece muito bom…
Taehyung apertou com força o quadril de Jeongguk.
— Quero muito te ver sem roupa e beijar cada pedaço do seu corpo hoje — Taehyung sussurrou a confissão, sentindo como Jeongguk ia ficando cada vez mais mole em seus braços, rendido e entregue demais.
Era delicioso.
— Tudo bem, podemos fazer isso — Jeongguk concordou com um grande sorriso ansioso nos lábios.
— Vamos então — juntou as duas mãos e caminharam em direção ao apartamento.
Tempo atual.
— Ok, carne a milanesa ou frango a milanesa? — Taehyung perguntou e Jeongguk fez um pequeno biquinho ao parar para pensar.
— Hmmm, pega o frango! Eu prefiro, e você já pegou costela e outros tipos de carne… É bom pegar frango também — opinou baixinho ao listar alguns dos itens no carrinho de compras. — Mas se você quiser, pode ser a carne a milanesa.
Taehyung sorriu, adorava aquele jeitinho de Jeongguk.
— Vamos levar frango — respondeu ainda sorrindo.
Estavam fazendo compras, Jeongguk estava disposto a ajudar um pouco mais na cozinha, e por isso precisavam de mais comida em casa.
Jeongguk queria ao menos que Taehyung chegasse e já tivesse uma janta pronta em casa ao invés dele chegar cansado, tomar banho e se por a cozinhar para os dois.
Aquilo já estava saturando Jeongguk mesmo com as insistências de Taehyung de que estava tudo bem, que ele não se importava, que Jeongguk não parecia totalmente bem ainda para cozinhar.
Era lógico que Taehyung tinha muito medo de Jeongguk ter outra crise de enxaqueca enquanto cozinhava, poderia ser muito perigoso. Chegou a mencionar que um dos amigos estivesse junto, para poder ficar em observação, mas Jeongguk negou rapidamente, não parecia pronto e nem disposto a rever as pessoas que lhe eram tão próximas, mas que agora não passavam de rostos estranhos.
— Não pegamos nada de tempero ainda — Jeongguk pontuou ao olhar para o carrinho de compras novamente. — Não tem nada de tempero aqui e eu não acho que tenha em casa, dá última vez você foi correndo comprar pimenta do reino porque tinha acabado.
Taehyung sorriu e concordou.
— Sim! E precisamos de mais shoyu e azeite também — acrescentou à lista mental dos dois. — Prefere que cada um vá pegar uma coisa e depois a gente se encontra na parte de leite? Também estamos precisando.
Jeongguk mordeu o lábio inferior, inseguro. Não queria se separar, não queria andar sozinho. Não queria encontrar alguém e ficar perdido, aquilo o apavorava tanto…
— É que…
— Taehyung? Jeongguk? Oh pelos céus, eu não acredito que são vocês! — Uma voz totalmente desconhecida por Jeongguk falou de forma alta, bem animada, realizando um dos grandes pesadelos de Jeongguk bem ali, antes que eles realmente chegassem a se separar naquele mercado.
Taehyung também parecia bem surpreso.
— Ah, Seokjin! Oi! — Taehyung o cumprimentou com um sorriso, caminhando para abraçá-lo.
Jeongguk continuou imóvel.
— Oi, Jeongguk! — Seokjin falou com um sorriso largo, aproximando-se um pouco de Jeongguk. Estava segurando uma cesta com duas bandejas de frango e uma caixa de leite, vestia um conjunto de moletom azul escuro, não parecia nada de errado com ele.
Mas ainda assim Jeongguk sentiu-se intimidado de alguma forma, optando por ficar no mesmo lugar ao mesmo tempo que lutava para tentar se lembrar de alguma coisa, qualquer mínima informação que fosse.
— Sou eu, o Jin, a gente costuma tocar juntos, somos muito amigos — Jin avançou mais um passo e rapidamente um dos braços de Taehyung o impediu de continuar.
— Ele não está muito bem, Jin — Taehyung contou baixinho, olhando atentamente para os olhos assustados de Jeongguk. — Vá com calma.
Jin respirou fundo.
— Tudo bem… — Recuou um passo. — Eu fiquei tão triste por não te ver, ainda estou… Também lamento tanto que você ainda não consegue se lembrar das coisas… Esse acidente foi uma merda — lamentou baixinho e Jeongguk olhou para Taehyung, pedindo ajuda.
Estava muito desconfortável.
Não queria passar por aquilo.
Não conhecia aquele rapaz e não queria ter interações com ele.
Já tinha visto o rosto dele em alguns flashes de memória e o nome não era estranho, mas ainda assim Jeongguk parecia sentir uma energia estranha vindo dele, não queria ficar muito tempo ali.
Não sabia se era coisa da sua cabeça, mas estava querendo chorar e correr para o mais longe possível.
— É… — foi a única coisa que Jeongguk conseguiu dizer.
— Por favor, se ele lembrar de qualquer coisa sobre mim, me avise — Jin suplicou para Taehyung, quase choroso, colocando uma das mãos em cima do ombro de Taehyung. Jeongguk não gostou muito daquilo. — Eu sinto muita saudade do meu amigo!
— Claro, Jin, eu aviso sim! — Taehyung concordou no mesmo segundo, mostrando um sorriso solidário e triste ao mesmo. Jeongguk sentia-se um peso para a vida de Taehyung, uma pessoa que poderia para sempre precisar da ajuda dele.
Odiava aquilo.
— Eu sinto muito sua falta, Jeongguk! — Jin voltou a falar olhando nos olhos de Jeongguk. — Eu sinto muita saudade de tocar com você e de tudo o que a gente fazia junto, eu realmente estou torcendo muito para você se lembrar de todos nós! — Falou pela última vez, curvou-se brevemente e então caminhou para longe, permitindo que Jeongguk pudesse respirar de alívio logo no segundo seguinte.
Céus, como odiava toda aquela situação.
— Está tudo bem? — Taehyung perguntou ao se aproximar um pouquinho, tocando no ombro de Jeongguk suavemente enquanto o olhava nos olhos.
— Está sim — mentiu um pouco. Não estava nada bem.
— Jin sempre foi muito próximo de você, ele é intenso, gosta de muito contato, deve ser difícil para ele não poder ter te abraçado agora — Taehyung resmungou e então recuou um pequeno passo.
— É, deve ter sido muito difícil para ele — Jeongguk resmungou e virou-se de costas para Taehyung. — Vamos pegar o resto das coisas…
— Hey, espera — Taehyung pediu de forma alta, correndo para se colocar à frente de Jeongguk. — O que foi?
— Nada — resmungou e continuou a tentar andar para se afastar um pouco.
Taehyung voltou a correr para ficar à frente dele.
— Claramente aconteceu alguma coisa, o que foi? Fala pra mim! — Insistiu.
Jeongguk respirou fundo e então suspirou forte, olhando sério para o rosto de Taehyung enquanto tremia o lábio inferior.
— Deve ser muito difícil para ele não poder me abraçar, né? Deve ser difícil só pra ele, tadinho desse cara não poder se aproximar do amigo só porque ele não lembra de porra nenhuma — falava mais agressivo, porém bem baixinho porque não desejava chamar atenção de outras pessoas. Ainda assim, Jeongguk tinha irritação em sua voz, uma irritação que boa parte era desconhecida, mas o estava movendo naquele momento. — Eu realmente deveria ter deixado ele me abraçar pra poder deixar as coisas mais fáceis pra ele, afinal ele teve que te tocar para poder se lamentar de alguma forma por não fazer isso já que ele é tão intenso e gosta de contato…
Taehyung estava surpreso, com os olhos arregalados diante do que ouviu.
Aquilo era ciúmes?
Um genuíno ciúme que Jeongguk poderia estar sentindo?
Taehyung estava um pouco desacreditado, mas uma parte sua estava muito, muito feliz.
Aquilo tudo abria brechas para tantas coisas.
Os olhos de Taehyung estavam brilhantes demais, e um sorriso gigante queria nascer em seus lábios por perceber que Jeongguk nem tinha percebido a motivação real de sua irritação.
Taehyung respirou fundo, sabendo o que deveria fazer.
— Desculpe — falou baixinho e se aproximou de Jeongguk. — Eu deveria ter cortado tudo porque sabia que você estava mal. Minha maior preocupação é com você, não com ele — sussurrou e segurou a mão de Jeongguk, beijando-a suavemente. — Não vou mais ficar justificando as dores dos outros e diminuir a sua…
Jeongguk nunca foi ciumento, tinha ciúmes em graus baixos, sempre foi seguro e confiava em Taehyung. Nunca tinha sentido ciúme de seus amigos com Taehyung, ou com os amigos dele.
Sempre foi muito tranquilo.
Taehyung e Seokjin já cansaram de se abraçar, brincar juntos, até mesmo sair em algumas ocasiões e ficarem conversando por horas enquanto Jeongguk fazia outra coisa. Nunca foi um problema.
Mas agora era um outro Jeongguk ali, Taehyung não sabia como agir cem por cento do tempo.
— Tudo bem — resmungou totalmente mais calmo, tentando disfarçar o coração ficando acelerado outra vez por Taehyung ter beijado sua mão. — Vamos comprar logo tudo e voltar pra casa, ainda tenho a fisioterapia hoje — relembrou ao se afastar um pouquinho.
— Verdade, vamos…
Taehyung não iria falar mais nada, somente concordou e os dois seguiram pelos corredores do mercado.
[...]
Foi repentino.
Muito mais repentino do que Taehyung havia imaginado.
Estavam guardando as compras antes de irem para a fisioterapia e então Jeongguk fez a pergunta.
Ela saiu do nada dos lábios do garoto e voou até os ouvidos de Taehyung, quase fazendo-o derramar o vidro de azeitonas em conserva.
— O-o quê? — Taehyung teve que confirmar que Jeongguk tinha mesmo feito aquela pergunta. Virou-se para ele, sem conseguir esconder os olhos pra lá de arregalados.
— Você já ficou com esse Jin alguma vez? — Jeongguk perguntou novamente como se não fosse nada demais.
Os dois não haviam mais tocado no assunto desde aquele momento no mercado que Taehyung pediu desculpa. Logo voltaram a conversar normalmente sobre o que deveriam comprar, na viagem de volta, dentro do carro, também não haviam falado absolutamente nada sobre aquilo.
E enquanto Jeongguk separava os produtos de limpeza para guardar no banheiro, ele simplesmente questionou Taehyung sobre aquilo.
— Você já ficou, né? Está demorando a responder…
— NÃO! — Taehyung gritou e soltou logo o pote de azeitona, caminhando apressadamente até Jeongguk. — Eu nunca fiquei com o Jin, Jeongguk! De onde tirou isso? Eu demorei a responder porque fui pego de surpresa, eu não esperava que você fosse fazer essa pergunta do nada!
— Hm…
— Por que está perguntando isso? — Estava curioso, surpreso demais, mas também bem curioso e altamente feliz.
Não foi um ciúme passageiro e insignificante, ele ainda estava ali…
— Nada, só queria saber — Jeongguk resmungou e voltou a se concentrar em separar alguns dos produtos de limpeza.
— Tem que ter um motivo… — Taehyung insistiu, sabia que poderia estar correndo risco, mas ainda assim estava mais do que disposto a fazer aquilo, precisava saber um pouquinho mais.
— E-eu não sei que motivo pode ter, Taehyung — Jeongguk foi um pouco mais ríspido ao falar. — Eu só… Eu só perguntei, não é nada demais!
— Bom, pra mim é sim! — Foi sincero, não deixando que o garoto avançasse. — Pra mim é muito demais, tem importância você querer saber se eu já me envolvi com o Seokjin.
— Você está misturando as coisas! — Jeongguk insistiu em continuar não enxergando. — Viu? Por isso é tão complicado saber que você me ama! Só foi uma pergunta como qualquer outra que já fiz pra você!
— Não é… Você está com sentimentos diferentes — falou com firmeza e se aproximou de Jeongguk, caminhou até ele, se aproximando de verdade, diminuindo toda a distância que havia entre os dois. — Eu posso estar errando muito, mas você está me dando umas faíscas de esperança.
Jeongguk ficou imóvel.
As mãos de Taehyung tocaram o quadril de Jeongguk, apertando o local com firmeza do mesmo jeito que já havia feito tantas vezes. Puxou Jeongguk para mais perto, vendo como ele não estava relutante, muito pelo contrário, não tirava os olhos do seu, parecia estar em uma imensa guerra interna.
— Você acha que pode estar com ciúmes? — Taehyung perguntou de forma rouca, derretendo por dentro por estar sendo capaz de tocar em Jeongguk daquela forma novamente. Sentir o corpo dele em sua palma, aquela curva tão sexy, de uma forma tão íntima… Tinha voltado ao paraíso.
— Não! — Jeongguk respondeu firme.
— Então não se incomoda nada com a imagem de Seokjin me beijando? Me tocando? Se aproximando de mim? — Provocou e voltou a ver uma expressão de irritação voltar a controlar o rosto de Jeongguk.
Ele tentou se afastar.
— Não! — Respondeu sem lhe olhar mais nos olhos, realmente tentando se afastar.
Mas Taehyung não deixou, voltou a manter Jeongguk próximo, apertando o quadril dele, e em menos de dois segundos, as costas de Jeongguk estava contra o balcão, estava preso a frente do corpo de Taehyung e sentiu suas pernas moles.
Não estava desconfortável como achou que estaria.
Jeongguk estava envolvido demais em algo que não sabia descrever.
Mas não era repulsa, disso ele estava começando a ter certeza.
— Não mesmo? Eu posso marcar de me encontrar com ele depois que te levar a fisioterapia — falou e começou a se afastar também.
— Não! — Foi Jeongguk quem falou, segurando a camisa de Taehyung para não deixá-lo se afastar. — Não.
Taehyung ficou em silêncio, o encarando, desejando mais que tudo beijá-lo intensamente.
— Não sente ciúmes?
— A-acho que sim — desviou o olhar, encarando sua própria mão segurando a blusa de Taehyung. O que diabos estava acontecendo?
— Era só isso que eu desejava saber — Taehyung sussurrou de forma rouca, deixando sua voz seduzente o bastante para que Jeongguk arfasse contra seu rosto. Estava perto demais.
— Por que? — Jeongguk perguntou mesmo sabendo perfeitamente a resposta.
— É uma certeza de que ainda posso ter seu coração de volta… — Confessou de forma melancólica, juntando as duas testas, as mãos grandes voltando a tomar o quadril de Jeongguk como posse, puxando-o para mais perto, a ponta de seus dedos fazendo uma pressão firme, que fez Jeongguk arfar outra vez.
Não sabia o que dizer. Não tinha a menor ideia.
— N-não quero te dar falsas esperanças — Jeongguk sussurrou preocupado, a voz começando a ficar embargada, confuso demais. Por que estava daquele jeito? Por que não empurrava Taehyung e gritava aos quatro ventos que não era gay, que não gostava de homem? Por que não tinha a mesma certeza sobre aquilo igual quando estava sozinho? Por que quando estava com Taehyung tudo ficava mais confuso? Por que vê-lo todos os dias o estava fazendo apreciar ainda mais a beleza que ele tinha?
Por que continuava segurando a blusa dele? Por que deixava as duas testas juntas daquele jeito?
Por que simplesmente não dizia “para”?
Queria chorar por perceber que não falava, talvez porque não quisesse falar.
Céus, como tudo poderia ficar ainda mais confuso a cada dia?
— Não está me dando falsas esperanças — Taehyung confirmou com segurança, apertando um pouco mais a ponta de seus dedos naquele quadril tão delicioso. A arfada de Jeongguk era deliciosa, o cheiro dele mais ainda. — Está confirmando minhas certezas…
— Quais são elas?
— Que eu sempre posso conquistar seu coração, meu Jeongguk — desgrudou as duas testas e beijou a testa de Jeongguk suavemente, fechando os olhos por alguns segundos, desesperadamente desejando poder fazer o mesmo com os lábios de Jeongguk.
Mas sabia que poderia não ser o melhor momento.
Um passo de cada vez.
Não queria reviver os momentos de beijar Jeongguk sentindo as lágrimas de confusão dele, as lágrimas de aflição por ele se sentir perdido, por se sentir sem respostas sobre quem ele era de verdade.
Queria ir com calma, reconquistá-lo totalmente no tempo certo.
Taehyung sabia que iria valer a pena.
Afastou-se ainda mais, lamentando internamente por ter que soltar o quadril de Jeongguk, vendo-o soltar sua blusa também.
— Nunca tive algo com Seokjin, nunca vou ter, e nem com ninguém — segurou as duas mãos dele outra vez. — Eu só quero você.
Jeongguk engoliu em seco.
— Vamos terminar de guardar tudo isso, vamos acabar nos atrasando para a sua fisioterapia.
Jeongguk não respondeu com palavras, só balançou a cabeça positivamente e os dois se apressaram para terminar de arrumar tudo sem dizer uma única palavra sobre o que tinha acontecido.
[...]
— Sim, só mais poucas sessões e finalmente acaba — Jeongguk comentou em pura alegria enquanto Taehyung estacionava a moto. — Ela disse que eu estou avançando muito bem, me mover em casa ajuda bastante, e tem muitas coisas que eu exercito em casa.
— Isso é ótimo! — Taehyung desligou o veículo.
Jeongguk saiu de cima da moto e Taehyung fez o mesmo, e em poucos segundos Jeongguk já foi vendo Taehyung lhe ajudar a tirar o capacete, lentamente, os dois pares de olhos não parando de se encarar.
— Sim, estava mesmo querendo estar melhor, eu preciso ver como vou seguir minha vida depois disso tudo — Jeongguk resmungou mais para si mesmo do que para Taehyung, e por isso Taehyung resolveu ficar quieto, apenas acompanhando Jeongguk pela escadaria do prédio.
Taehyung também tinha que ver o que fazer quanto a tudo aquilo…